As vendas de automóveis híbridos têm registado números recorde mês após mês em Portugal ao longo dos últimos anos sendo que, em dezembro de 2022, foram vendidos mais de 16 mil unidades, recorde mensal absoluto até à data.
As razões para esta mudança de paradigma são muitas e vão do elevado preço dos combustíveis fósseis, até a uma melhor eficiência em estrada destes automóveis e da maior consciência ambiental dos portugueses.
Apesar de diferentes, na génese de todas estas razões está o motor híbrido, princípio de toda a mobilidade sustentável de que este tipo de automóvel é um dos expoentes máximos. Contudo, fica a pergunta: como funciona um motor híbrido?
A resposta segue dentro de momentos.
O que é e como funciona?
Tal como o nome já nos indica, um motor híbrido é um tipo de motor que combina e utiliza duas formas distintas de energia: gasolina ou gasóleo e eletricidade.
De acordo com o momento de condução (arranque, estacionamento, velocidade de cruzeiro, etc.) e do tipo de motor híbrido em causa, este motor irá utilizar uma das suas duas fontes de energia.
Que tipo de motores híbridos existem?
No mercado existem três tipos de motores híbridos: os híbridos convencionais (HEV), os híbridos plug-in (PHEV) e os mild-hybrid (MHEV), estes últimos uma espécie de solução de compromisso entre os dois anteriores.
Em termos práticos, cada uma destas soluções consiste em:
- Híbrido convencional (HEV): tal como todos os outros motores híbridos, os HEV têm um motor a combustão e um motor elétrico que são utilizados em função do momento da condução. No entanto, ao contrário do que acontece com um híbrido PHEV, o motor elétrico apenas é acionado no arranque e em momentos onde a velocidade é muito baixa (estacionamento, por exemplo) e o carregamento das suas baterias faz-se unicamente com recurso ao sistema de travagem regenerativa que reaproveita a energia cinética gerada pelo movimento e a armazena.
- Híbrido plug-in (PHEV): este tipo de carro híbrido plug-in, vem equipado com um motor a combustão (normalmente a gasolina) e o motor elétrico podem atuar de forma independente ou em conjunto. Isto acaba por permitir que, por exemplo, em condução em cidade ou em pequenas deslocações, o condutor possa utilizar unicamente o motor elétrico e, assim, poupar combustível.
Para além do sistema de travagem regenerativa, as baterias dos PHEV podem ser carregadas numa estação de carregamento ao contrário do que se verifica nos HEV e garantem uma maior autonomia e uma menor emissão de gases de efeito de estufa.
- Mild-Hybrid (MHEV): esta é uma espécie de solução de compromisso entre um HEV e um PHEV, uma vez que combina um motor a gasolina com um motor elétrico de baixa voltagem cujo ação acaba por se resumir ao arranque e ao estacionamento.
O sistema mild-hybrid é capaz de auxiliar o motor de combustão nos arranques, nas acelerações mais fortes e nas retomas de aceleração, oferecendo binário adicional. E isso ajuda a uma ligeira redução dos consumos, pois os dois motores, combustão e elétrico, trabalham em conjunto.
Qual é a autonomia de um motor híbrido?
Enquanto a autonomia de um hibrido HEV e de um mild-hybrid é relativamente reduzida, no caso de um carro híbrido plug-in (PHEV), como é o caso dos novos CUPRA Formentor, Leon e Leon Sportstourer, a autonomia pode chegar aos 60 km. Para termos de comparação, o novo CUPRA Born, automóvel 100% elétrico apresenta uma autonomia de 552 km em modo elétrico.
Poupo combustível com um híbrido?
A resposta é sim. Devido à ajuda do motor elétrico no arranque, estacionamento e no andamento de estrada, o motor a combustão acaba por otimizar os seus consumos.
Quanto às baterias elétricas, uma vez que são recarregadas pelo sistema de travagem regenerativa e/ou através de carregamentos numa estação de carregamento pública e o preço da eletricidade é bem mais baixo do que o da gasolina ou do gasóleo, vai acabar por verificar uma poupança significativa.
Qual o impacto ambiental de um motor híbrido?
Tal como já referimos, os automóveis com motor híbrido reduzem de forma significativa o impacto no meio ambiente, já que emitem menos CO2 graças à otimização da sua dupla motorização (motor a combustível e motor elétrico). Aliás, quando o motor elétrico opera de forma independente, as emissões de CO2 são absolutamente nulas.
Pelo facto de emitir menos gases de efeito de estufa do que os seus congéneres movidos unicamente a combustíveis fósseis, os híbridos beneficiam de cortes assinaláveis nos valores de ISV e IUC.
Nota: híbridos plug-in com autonomia de 50 km e emissões inferiores a 50 gCO2/km beneficiam de uma redução de 75% no ISV, enquanto os híbridos com uma autonomia inferior a 50 km e emissões inferiores a 50 gCO2/km usufruem de um corte de 40% no mesmo imposto.
O motor híbrido é eficaz?
Sim. Não só o motor híbrido é eficaz, como é, inclusive, mais eficaz do que um motor a combustão interna, uma vez que o motor elétrico permite colocar toda a potência no chão de forma instantânea e linear.
De forma a otimizar os gastos de combustível, o motor a combustão só entra em ação a velocidade de cruzeiro.